Em grupo, escolham um dos temas a seguir para pesquisar (em livros, CD-ROMs, na internet, etc.). Em seguida, apresentem o resultado do trabalho para a classe.
a) A passagem de Darwin pela América do Sul (o que inclui as visitas ao Brasil) em sua viagem a bordo do HMS Beagle (a propósito, pesquisem o que significa a expressão “HMS”; vocês podem pedir ajuda aos professores de Inglês). Descubram onde Darwin esteve, o que ele viu, quais as suas impressões sobre os locais que visitou e como essa viagem influenciou suas ideias sobre a evolução das espécies. Façam cartazes com desenhos, fotos e mapas para ilustrar o trabalho, apresentando-o também para a comunidade escolar (alunos, professores e funcionários da escola e pais ou responsáveis). Peçam auxílio aos professores de Geografia e História para essa pesquisa.
b) Dados biográficos, ideias e obras de alguns cientistas que colaboraram com o darwinismo ou tiveram alguma influência sobre as primeiras teorias evolutivas, como Jean-Baptiste Lamarck, Alfred Russel Wallace, Henry Walter Bates e Fritz Müller.
c) Pesquisem em sites e em livros de História o que foi o movimento conhecido como “darwinismo social”, no século XIX. Façam críticas, demonstrando os equívocos desse movimento. Se possível, peçam auxílio aos professores de História e Filosofia.
RESPOSTAS (sugestão):
A) Entre os vários relatos que os alunos deverão encontrar, podem ser mencionados os seguintes:
A expressão “HMS” antes de “Beagle” significa
“His (or Her) Majesty’s Ship” (o navio de sua Majestade, em inglês), usada, por exemplo, pelo
império britânico, local de origem do Beagle.
Darwin esteve no Brasil, Argentina, Chile e nas
ilhas Galápagos e coletou mais de 1 500 espécies
diferentes, muitas delas jamais vistas na Europa.
Em fevereiro de 1832, extasiou-se com a beleza
da floresta tropical de Salvador. Em abril do mesmo ano, passou pelo Rio de Janeiro, onde ficou
chocado com o tratamento dado aos escravizados.
Na Argentina, em setembro de 1832, encontrou
fósseis de animais de grandes dimensões, parecidas com “preguiças” (hoje, gênero Megatherium, extinto) e “tatus” (hoje, gênero Glyptodon,
extinto). Esses animais, apesar da diferença de
proporções, guardavam muitas semelhanças
com espécies atuais. Encontrou também populações de aves que não voavam (emas, gênero
Rhea), que diferiam em tamanho, conforme as
regiões geográficas em que eram encontradas
(mais tarde classificadas por especialistas em
espécies diferentes). Encontrou também fósseis
de roedores e de um estranho animal (hoje, gênero Macrauchenia, extinto) que era semelhante aos animais da família do camelo, vicunha e
lhama. A maioria desses fósseis não foi identificada por Darwin, que enviou os exemplares à
Inglaterra, onde foram examinados, descritos e
identificados por especialistas como Richard
Owen, Thomas Bell e John Gould.
Darwin relatou depois, em seu livro A origem das
espŽcies, que, quando a bordo do Beagle, ficou
impressionado com a distribuição das espécies na América do Sul e as relações geológicas entre
as espécies presentes e passadas daquele continente, e afirmou que fatos como esses pareciam
lançar alguma luz sobre a origem das espécies.
Em meados de 1835, o navio ancorou no Chile,
em Valparaíso. Nos Andes dessa região, a mais
de mil metros de altitude, Darwin encontrou
fósseis de conchas e árvores petrificadas semelhantes às encontradas no nível do mar. Isso
sugeria que a Terra teria passado por grandes
transformações, com montanhas sendo erguidas ao longo do tempo.
No final de 1835, chegou às ilhas Galápagos,
encontrando espécies que não existiam em nenhum outro lugar, como iguanas marinhas, tartarugas de grande porte e muitas aves. Os pássaros, identificados depois como tentilhões,
possuíam forma e tamanhos de bico adaptados
a diferentes alimentos. Posteriormente, ele percebeu que essas espécies poderiam ter evoluído
de espécies vindas do continente mais próximo.
B) Entre outras informações, os estudantes poderão encontrar os seguintes dados sobre os cientistas mencionados:
Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier
de Lamarck (1744-1829), foi oficial do exército e
depois professor de História Natural, tendo escrito livros de Botânica, Zoologia e Paleontologia.
Inicialmente, acreditava que as espécies eram
imutáveis, mas depois desenvolveu a sua teoria
da evolução publicada no livro Philosophie Zoologique em 1809. Para Lamarck, os seres vivos
tendiam a um melhoramento constante e a um
aumento de complexidade. Com o auxílio da lei
do uso e desuso e da ideia de transmissão das
características adquiridas, comuns em seu tempo, Lamarck explicava a transmutação dos seres
vivos. Ele defendia também a geração espontânea contínua dos organismos mais simples. Mesmo que a transmissão das características adquiridas não seja mais aceita, Lamarck foi
importante por defender a evolução e contribuir
para a divulgação dessa ideia.
Alfred Russel Wallace (1823-1913), um naturalista britânico, é considerado o codescobridor,
junto com Darwin, do princípio da seleção natural. Participou de expedições científicas na
América do Sul, Malásia e Indonésia coletando e estudando diversas espécies de animais. Em
1853, publica seu primeiro livro: Narrativa de
viagens pelo Amazonas e o Rio Negro.
Wallace, como Darwin, também leu o trabalho
do economista Thomas Malthus (1766-1834) e
escreveu o ensaio “Sobre a tendência das variedades de se distanciar indefinidamente a partir
do tipo original”, publicado depois em livro, e
enviou-o a Darwin, com quem se correspondia.
Darwin, que já tinha escrito a maior parte de seu
trabalho, mas que não se animava a publicá-lo,
percebeu que Wallace defendia ideias praticamente idênticas às suas (embora Wallace não
tenha usado o termo “seleção natural”). Quando
ficaram sabendo disso, por seu próprio intermédio, amigos de Darwin, o geólogo Charles Lyell e
o botânico Joseph Hooker, estimularam-no a
publicar suas ideias o mais rapidamente possível.
De comum acordo, Darwin e Wallace apresentaram um trabalho em conjunto, com as ideias
de ambos, na Linnean Society of London, em
julho de 1858. No ano seguinte, Darwin publicou seu livro A origem das espécies. Wallace
publicou ainda um artigo sobre a origem da
espécie humana pela seleção natural.
Em 1869, Wallace divulgou suas pesquisas, feitas no arquipélago malaio, sobre a distribuição
geográfica dos animais, sendo considerado por
muitos como o pai da Biogeografia.
Henry Walter Bates (1825-1892), naturalista e
explorador inglês, realizou pesquisas no Brasil
e esteve na Amazônia entre 1848 e 1859, publicando artigos e livros sobre suas pesquisas, que
forneceram dados importantes para o trabalho
de Darwin e Wallace sobre a origem das espécies. Colecionou milhares de espécimes, a maioria insetos, de espécies desconhecidas na época.
Foi o primeiro cientista a descrever o mimetismo, fenômeno em que um animal se assemelha a outro, de outra espécie, ganhando, com
isso, algum tipo de vantagem, em geral, proteção contra predadores. É o caso de algumas
borboletas, que, apesar de não terem gosto
ruim nem serem venenosas, apresentam a forma ou a cor daquelas que têm essas defesas.
É o chamado mimetismo batesiano, batizado
assim em sua homenagem. Para Bates, esse
tipo de mimetismo representava uma evidência favorável à teoria da evolução de Darwin e
Wallace. Um de seus livros foi traduzido para
o português: Um naturalista no rio Amazonas
(Belo Horizonte: Itatiaia, 1979).
Johann Friedrich Theodor Muller (1822-1897),
mais conhecido como Fritz Muller, foi um naturalista alemão e professor de matemática e ciências
naturais. Em 1852, imigrou para o Brasil e se estabeleceu em Santa Catarina. Em 1864, publicou o
livro Für Darwin (A favor de Darwin), apresentando o resultado de pesquisas em que acompanhou
o desenvolvimento de microcrustáceos comuns
em Santa Catarina, mostrando que havia uma
competição entre os machos, em que aqueles com
pinças maiores sobreviviam em maior número,
resultado que apoiava a teoria da evolução de
Darwin. Escreveu também centenas de artigos
científicos sobre a flora e fauna catarinense.
C) Confundir conhecimento científico e ética foi um grande equívoco do movimento conhecido como “darwinismo social”, que, no século XIX, usou o conceito de seleção natural para tentar justificar a divisão da sociedade em classes e o imperialismo, pois seria natural o domínio dos indivíduos supostamente mais fortes sobre os mais fracos, que tenderiam a perecer. O primeiro erro foi supor que a genética e a seleção natural são os únicos fatores que influenciam o ser humano, esquecendo que, em nossa espécie, a cultura e os valores sociais são importantes fatores de influência. O segundo foi confundir um fenômeno natural, a evolução, com a esfera ética – que trata do que deveria ser e não do que é de fato – extrapolando de fatos para princípios éticos e para a complexidade da cultura humana.
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