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segunda-feira, 11 de abril de 2022

A avaliação das teorias científicas

A avaliação das teorias científicas Para muitos autores, vários fatores devem ser levados em conta nessa avaliação, como a capacidade que uma teoria tem de explicar fatos ou leis diferentes daqueles para os quais foi construída; de permitir a dedução de novas previsões que possam ser testadas em experimentos; de unificar fenômenos que, aparentemente, não tinham relação entre si; de orientar a pesquisa científica de forma produtiva; de resolver o maior número possível de problemas (teóricos e experimentais); etc. Essas características nem sempre são suficientes para levar a uma decisão unânime por parte da comunidade científica e, por isso, vários filósofos defendem a concepção de que fatores psicológicos e sociais também influenciam a avaliação das teorias.

O filósofo Thomas Kuhn (1922-1996) faz uso do conceito de paradigma para explicar as mudanças em que teorias científicas bem abrangentes são substituídas por outras. Em sentido amplo, um paradigma é formado por uma teoria, pelo método de pesquisa e por ideias filosóficas dominantes no momento. Uma parte importante do paradigma são novas descobertas e realizações, como as três leis de Newton e as equações de Maxwell para o Eletromagnetismo, e o modo como elas são usadas para resolver problemas específicos. A aplicação dessas teorias na solução de problemas importantes em conjunto com as novas técnicas experimentais e matemáticas são chamadas de exemplares ou de paradigmas, no sentido estrito do termo. Os exemplares orientam o trabalho dos cientistas, sugerindo um novo modo de investigar o mundo, e são fundamentais também para a aprendizagem dos estudantes.

O paradigma determina para os pesquisadores que tipo de leis são válidas; que tipo de questões devem ser levantadas e investigadas; que tipo de soluções devem ser propostas; que métodos de pesquisa devem ser usados; e que tipo de constituintes formam o mundo (átomos, oxigênio, flogisto, etc.).

Kuhn indica cinco “valores” importantes para a avaliação de teorias ou paradigmas: exatidão (previsões exatas, concordando com os resultados experimentais); consistência (uma teoria sem contradições internas); alcance (capacidade de explicar um amplo número de fatos); simplicidade (capacidade de unificar fenômenos); fecundidade (capacidade de sugerir novas descobertas e orientar a pesquisa científica).

Para Kuhn, os valores mencionados acima não são suficientes para forçar uma decisão unânime por parte da comunidade científica. Isso porque alguns valores podem ser interpretados de diferentes maneiras, provocando discordâncias entre os pesquisadores, por exemplo, sobre qual das teorias seria, de fato, a mais simples. Além disso, um valor pode se opor a outro. Por isso, Kuhn conclui que fatores psicológicos e sociais necessariamente influenciam a escolha da melhor teoria.

Fontes de pesquisa: CHALMERS, A. A fabricação da ciência. São Paulo: Unesp, 1994; DUTRA, L. H. de A. Introdução à teoria da ciência. 2. ed. Florianópolis: UFSC, 2003; FRENCH, S. Ciência: conceitos-chave em Filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2009; KNELLER, G. F. A ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; São Paulo: Edusp, 1980; KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1989; ______. O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos, 1970-1993, com uma entrevista autobiográfica. São Paulo: Unesp, 2006; OLIVA, A. Filosofia da ciência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003

Príons

Os príons (sigla da expressão inglesa proteinaceous infectious particles; partículas infecciosas de proteína) são uma forma alterada de uma proteína presente na membrana das células nervosas do cérebro de animais vertebrados. Essa alteração pode ocorrer por causa de uma mutação no gene que codifica a proteína normal. Como são menos solúveis, as proteínas alteradas depositam-se nas células nervosas e provocam a sua morte. Com isso, o indivíduo perde o controle motor, apresenta demência e morre.

O gene mutante que codifica o príon pode ser herdado e essa doença é conhecida como doença de Creutzfeldt-Jakob (em homenagem aos dois pesquisadores alemães que a descobriram). O príon também pode ser adquirido, por exemplo, quando uma pessoa recebe um transplante de um portador que ainda não tenha manifestado a doença. Então, ele se com bina às proteínas normais, altera sua forma e produz cópias de si mesmo, em uma reação em cadeia que destrói as células nervosas.

Entre a metade dos anos 1980 e 1990, o príon foi responsável pela doença da vaca louca, nome popular para a encefalopatia espongiforme bovina (o cérebro do animal fica cheio de buracos, como uma esponja). A doença acometeu rebanhos da Inglaterra e provocou grandes prejuízos à economia daquele país.

A epidemia começou pela contaminação de farinhas alimentícias feitas com restos de ovelhas contaminadas por uma forma de príon que ataca esses animais. Há evidências de que algumas pessoas podem ter adquirido a doença comendo carne contaminada, o que significa que o príon poderia passar de uma espécie para outra.

Fonte: Biologia Hoje.

O cariótipo e a evolução humana

A comparação entre o DNA humano e o do chimpanzé aponta uma origem evolutiva a partir de um ancestral comum. A separação deve ter ocorrido entre 6 ou 5 milhões de anos atrás.

As semelhanças aparecem também nos cromossomos quando estes são tratados com corantes que produzem bandas escuras nas regiões ricas em adenina e timina (nucleotídeos que fazem parte do DNA). O padrão de bandas é típico de cada cromossomo e permite que este seja identificado.

No entanto, análises do cariótipo mostram que o ser humano tem 46 cromossomos (23 pares), e os grandes símios (gorila, orangotango, chimpanzé) têm 48 (24 pares). Como explicar o par de cromossomos a menos de nossa espécie?

Os cromossomos 2A e 2B do chimpanzé são semelhantes às duas metades do cromossomo humano 2, que pode ter surgido da fusão entre dois cromossomos do ancestral de chimpanzés e humanos, o que explicaria o par de cromossomos a menos nos humanos.

Análises genéticas confirmam a hipótese de fusão, mostrando que no meio do nosso cromossomo 2 há regiões de DNA que correspondem ao centrômero do cromossomo número 2B do chimpanzé, inativado no cromossomo humano. As análises mostram ainda que no meio do cromossomo 2, há regiões que correspondem aos telômeros dos cromossomos do chimpanzé.

Fontes de pesquisa: Hillier, L. W. et al. Generation and annotation of the DNA sequences of human chromosomes 2 and 4. Nature, vol. 434, p. 724-31, 2005; Yunis, J. J.; Prakash, O. The origin of man: a chromosomal pictorial legacy. Science, vol. 215, p. 1 525-30, 1982.

A divisão celular e os telômeros

Na ponta dos cromossomos há pequenos fragmentos de proteína e material genético chamados telômeros. Esse material genético é formado por uma sequência específica de nucleotídeos (TTAGGG, nos vertebrados), repetida muitas vezes.

Os telômeros protegem o cromossomo contra danos e permitem que a duplicação do DNA ocorra corretamente. Cada vez que uma célula se divide, os telômeros tornam-se ligeiramente mais curtos. Nas células germinativas, que originam gametas, e em algumas outras células do corpo que se dividem rapidamente, como as células-tronco, uma enzima, a telomerase, reconstitui as partes que vão sendo perdidas. Na maioria das células adultas, porém, a enzima está inativa e, caso os telômeros se percam totalmente, a célula perde a capacidade de divisão e pode morrer. Por isso, supõe-se que a diminuição dos telômeros possa estar relacionada com o número máximo de divisões que uma célula pode sofrer e com sua longevidade.

A telomerase está presente também na maioria das células cancerosas, que não morrem e passam a crescer de forma descontrolada. Assim, o estudo dos telômeros pode contribuir para o tratamento do câncer e para problemas derivados do envelhecimento do corpo.

Fontes de pesquisa: CANO, M. I. N. A vida nas “pontas” dos cromossomos. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 39, n. 229, p. 16-23, ago. 2006.

SINCLAIR, D. A.; GUARENTE, L. Desvendando os segredos dos genes da longevidade. Scientific American Brasil, ano 4, n. 47, p. 40-7, abr. 2006

Hermafroditismo na espécie humana

 Indivíduos hermafroditas são muito raros na espécie humana.

Apresentam testículos e ovários separados ou uma gônada mista (ovoteste). No pseudo-hermafroditismo, o indivíduo apresenta gônadas de um sexo, mas órgãos genitais ambíguos ou do sexo oposto. No pseudo-hermafroditismo feminino, a glândula suprarrenal do embrião feminino produz hormônios masculinos, talvez por causas genéticas. O indivíduo passa a apresentar ovários e órgãos genitais ambíguos. Há, por exemplo, desenvolvimento maior do clitóris, que pode ser confundido com um pênis. No caso masculino, o indivíduo possui testículos dentro do abdome e uma vagina fechada no fundo, não apresentando útero nem ovário.

O problema pode ser genético, provocando falhas nos receptores das células que respondem aos hormônios sexuais. Em certos casos, cirurgias ou tratamentos hormonais podem corrigir as malformações dos órgãos genitais.

Fonte: Biologia Hoje.